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domingo, 25 de julho de 2010

O bar do China (ou: conheço um lugar bacana...)


Fim de semana é especialmente problemático para almoçar quando se está no trabalho.

Os restaurantes onde costumamos comer durante a semana não abrem e os que restam normalmente são excessivamente caros e nem sempre tem-se referências confiáveis do lugar.

No meu caso, a coisa ainda é pior. Eu nunca sei quando ou onde irei comer. Quando a hora chega, o lugar não ajuda, e vice versa.

Em um desses fins de semana, um colega de trabalho viu no lugar onde estávamos a oportunidade pra apresentar a toda a equipe um lugar bacana com uma "feijoada de outro mundo". O fato de estarmos no meio de uma favela nada amigável no meio de Belo Horizonte foi o bastante para que a idéia não fosse recebida com tanto entusiasmo quanto o esperado, mas a empolgação quase infantil de nosso colega acabou por nos convencer.

Rodamos por uns 30 minutos, já que meu colega não conhecia bem o caminho e teve que fazer diversas ligações para que conseguisse encontrar o local. Quando chegamos, alguns (eu) demonstraram o ceticismo até então oculto, de maneira bem aberta com expressões como:

- Cara, você tá de sacanagem comigo?!?

Talvez fosse meu medo de experimentar, talvez fossem os caras com ficha criminal que jogavam truco na porta às 11 da manhã, ou talvez fossem os ovos verdes de Tiranossauro Rex em conserva num pote, mas algo ali não me convencia sobre as propriedades mágicas da tal feijoada.

Entramos pelo boteco de uma porta, meio escuro apesar do sol lascado do lado de fora e demos de cara com o "China", o dono do bar.

O China em questão é um senhor de uns 80 anos, com uns 130kg e olhos esbugalhados que nada remetem a um oriental. Meio confuso, ele recebeu meu colega com certa reserva e diante do pedido de 6 feijoadas pra levar, entrou pra cozinha do boteco e fechou a cortina por detrás dele.

Eu bem que tentei enxergar o que se passava ali por trás, mas só pude ouvir as panelas sendo destampadas e imaginar o melhor, já que o pior me faria passar com o carro por cima do meu colega que havia nos colocado naquela situação.

Quando saiu minutos depois, o China trazia 6 marmitex já embrulhadas em papel rosa e uma garrafinha de coca 500ml cheia de um líquido marrom meio avermelhado. O molho de pimenta para a feijoada.

Voltamos para o quartel, onde poderíamos comer tranquilos. A feijoada estava quente como o dia e por isso, arrumamos uma Coca Cola pra acompanhar.

Quando finalmente pude me sentar e abrir a marmitex, surpresa total. O cheiro que subiu me abriu o apetite como se não comesse há dias.




Entendi porque o meu amigo adorava aquela feijoada. É o tipo que é feito com a técnica de jogar o porco inteiro dentro do caldeirão com o feijão preto e cozinhar tudo até que os ossos comecem a descolar da carne e possam ser completamente retirados, deixando só o que sobrar.

Cerca de 30min depois, estava completamente satisfeito, parabenizando meu colega pela descoberta do lugar. Todos os parabéns foram dados ao desbravador e este ficou o resto do turno como se tivesse finalmente sido reconhecido pelos seus esforços.

Escrevi sobre isso hoje porque há algumas horas, fui almoçar e quando cheguei na porta do Subway onde iria comer, me lembrei da feijoada e quando percebi, já estava na porta do boteco (sem os malacos jogando truco dessa vez), onde o mesmo China me recebeu. Quando fiz o pedido, recebi a pronta resposta: "A feijoada é de ontem. Mas tem.". Pedi mesmo assim. Melhor que feijoada, só feijoada de ontem.

Ele me cobrou R$1 a menos por se tratar de feijoada requentada, se despediu mandando um abraço pro meu colega.

Melhor do que da última vez, a feijoada superou as expectativas e os preconceitos de todo mundo que teve a coragem de experimentar.